Temos uma guerra pela frente.
O Crânio e o Corvo, de Leonel Caldela, publicado pela Jambô Editora, é o segundo volume da Trilogia da Tormenta. O inimigo está ainda mais próximo, se espalhando silenciosamente por Arton. Somente um homem poderia unir um exército para lutar nessa guerra.
Um pouco mais de dez anos se passaram após o terrível desfecho do primeiro livro (O Inimigo do Mundo). A Tormenta seguia engolindo Arton com sua tempestade rubra, criando um batalhão de servos insetóides, verdadeiros demônios que matavam sem distinção. As nuvens vermelhas derramavam por terra seus relâmpagos e uma chuva ácida que destruía tudo o que era conhecido.
A Tormenta é guerra de todos nós.
É nessa nova realidade que conhecemos diversos personagens que darão forma a esse novo enredo. Orion Drake é o principal nome dessa lista. Desde criança carregou a marca de bastardo, mas acabou adotado pela Ordem da Luz, tornando-se um bravo guerreiro. Sua vida era movida por uma sede de vingança, que o guiou em uma perseguição ao misterioso Cavaleiro Risonho, responsável pela desgraça e morte de sua mãe.
Ninguém está a salvo.
Esse passado cruel atormentava diretamente o relacionamento de Orion Drake com sua esposa Vanessa, uma clériga de Keenn, o Deus da Guerra, que estava prestes a lhe dar seu primeiro filho. Com a expansão da Tormenta, uma batalha ainda maior precisaria ser travada para que Arton não fosse aniquilada pela tempestade rubra. Seria essa uma chance de aproximar casal, ou o destino estaria reservando algo ainda pior para nossos heróis?!
Leonel Caldela constrói seus personagens de forma bem ambígua, dessa forma a trama não se torna previsível e podemos simplesmente esperar grandes reviravoltas. Crânio Negro é o grande vilão do livro, dando nome ao título juntamente com Orion, o líder do exército de Bielefeld sob o estandarte do Corvo. Orion será o principal nome no comando do Exército do Reinado que enfrentará o flagelo mortal da Tormenta, representado pela União Púrpura.
(...) existem coisas das quais não podemos fugir.
Crânio Negro era uma figura enigmática, o maior caçador de recompensas de Arton, um criminoso que se mostrava imortal após se tornar um líder a serviço da Tormenta. Sua assustadora armadura preta se tornou temida por todos os reinos, ninguém jamais havia visto seu rosto. É através dele e sua busca implacável pelos supostos sobreviventes do livro anterior que temos algumas pistas do que aconteceu com o antigo grupo. Confesso que essa era minha maior expectativa quando comecei minha leitura, afinal as algumas lacunas precisavam ser preenchidas, e muitas questões ansiavam por respostas.
Precisamos falar sobre a guerra.
Muitos personagens se destacam na trama, e entendemos que, de alguma forma, um elo os una em uma jornada maior, embora cada um tenha sua batalha individual. Caminhos vão surgindo e se desfazendo ao longo das páginas. Parcerias são firmadas, segredos revelados, exércitos se formam ou se desfazem em uma simples batalha. Será preciso mais que força para vencer essa luta, afinal esse é o cenário do maior e mais famoso jogo de RPG nacional.
Vicent e Darien eram dois jovens bandoleiros que sequer imaginavam o que o destino lhes reservara além das emboscadas pelas estradas. O papel de cada um estaria bem além das histórias de heróis e vilões que poderia se contar. Será que a amizade sobreviveria a tantas provas? Outra dupla, um pouco mais improvável que ganha destaque com suas aventuras é Ingram, um anão do subterrâneo de Arton, e Doutor Zebediah Nash de Namalkah, o reino dos cavalos. Trebane, o centauro, que se sentia em dívida com Orion, acaba se encantando pela jovem Zara, uma garota misteriosa e esperta, a ponto de arriscar a própria vida para salvá-la.
A traição é uma semente que germina rápido (...)
Muitos eixos são desenvolvidos por Caldela além da linha principal seguida em O Crânio e o Corvo. Diversos outros personagens surgem com participação importante na trama, criando vários nichos dentro do mesmo universo, mostrando diferentes faces de Arton. Aos poucos, o autor cria um enredo incrível repleto de nuances, emoções, lutas, perdas e surpresas. O passado de alguns personagens é explorado para que o leitor entenda perfeitamente sua construção dentro da história.
Existem erros que não podem ser consertados.
Com 512 páginas, folhas amareladas, fontes pequenas, o livro é dividido em 3 partes: A caveira negra, Faca no peito e Reunião de família. Um capítulo de introdução mostra a grandiosidade do que o leitor encontrará nas próximas páginas, e um epílogo nos deixa estarrecidos e na expectativa do próximo volume. A edição tem um mapa de Arton (Reinado de 1403) que nos ajuda a acompanhar a trajetória dos personagens e também as áreas ocupadas pela Tormenta. É importante ter feito a leitura do primeiro livro para um total aproveitamento da obra. Leitura mais que recomendada para os fãs de fantasia.
Aproveite a leitura!
Leia a Resenha de O Inimigo do Mundo
* Livro recebido mediante parceria com a Editora Jambô.
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