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Resenha: Dias Febris - Francis Graciotto (Cultura em Letras Edições)

em terça-feira, 25 de setembro de 2018


Dias Febris, do autor Francis Graciotto, foi publicado em 2018 pela Cultura em Letras Edições.  Uma nova realidade se apresenta para os personagens dos oito contos que mostram o início de um grande terror surgido na região de Santos - SP, espalhando-se rapidamente por outras cidades do país.

O livro reúne uma coleção de histórias com cenário apocalíptico, infestado por zumbis, ambientado em cidades brasileiras.   Cada trama segue um personagem diferente em situações variadas, lutando pela sobrevivência em meio a uma epidemia.   Esses contos nasceram a partir do primeiro livro do autor, Febre Vermelha, publicado em 2016.   O livro não é uma sequência, o autor somente explora o mesmo momento através de outros personagens, não sendo obrigatória a leitura da obra anterior.  Esse é meu primeiro contato com a escrita de Francis Graciotto.


A Febre Vermelha rapidamente se espalhou pelo Brasil quando um navio desgovernado encalhou nas pedras da Praia Grande na região Santos, interior de São Paulo.  Toda a tripulação havia sido misteriosamente assassinada, mas o pior ainda estava por vir nos dias que se seguiram.  À princípio, os sintomas eram os de uma doença qualquer:  olhos vermelhos, suor excessivo,vômito, dores de cabeça e cansaço...  Aos poucos o humor sofria uma drástica mudança e então surgia uma súbita agressividade, seguida de uma fome insaciável por carne humana.  Assim começa o enredo do primeiro livro do autor, Febre Vermelha, que conta a jornada de um grupo de pessoas que se uniram pela sobrevivência em meio ao caos.

Em Dias Febris conhecemos situações paralelas e independentes ao da obra anterior, porém igualmente assustadoras.  O autor conduz cada história de forma dinâmica e fluída, guardando sempre para o final um elemento surpresa, que torna cada desfecho marcante e bem original.   Essa é uma das características que mais gostei nos contos, o autor nos leva através de cada página a um final perfeito para cada situação.  Cenas de violência, sangue e até mesmo um certo humor negro está presente na escrita do Francis Graciotto.

Mesmo tendo a epidemia de Febre Vermelha pairando sobre todas as ambientações, o autor consegue trazer para cada uma das histórias elementos que a tornam únicas e diferenciadas.  Confiram um pouco do que encontrará em cada um dos contos:

Lucy - Durante um jogo de futebol, o caos acontece.  Alex, Thiago e Lara estão no centro da confusão e tentam retornar para casa no meio de um congestionamento infernal.  Enquanto Thiago se preocupa com Lara, sua namorada;  Alex só pensa em voltar para casa e encontrar Lucy em segurança.  Depois de tantos obstáculos e perigos, basta saber se esse final será feliz e se Lucy ainda estará viva.

Os atacantes pararam de correr, ignorando a bola que cruzou o campo e rolava lentamente até a outra lateral.  Os zagueiros do time adversário também tinham abandonado suas zonas de marcação, todos olhando para a arquibancada com expressões confusas nos rostos.  Alex suspirou e virou-se para olhar também. (p.12)

O Jogo - O jogo de tabuleiro disputado por Miguel e você representava um cenário devastador onde cada um lutava para sobreviver.  O que vocês não sabiam era que a realidade estava prestes a se tornar ainda mais assustadora do que a própria partida.  Dentro do pequeno apartamento estão você, o amigo Miguel com o irmão e a mãe, quando tudo acontece e a epidemia se espalha.  O autor te coloca como personagem desse conto, que tem um final que promete te surpreender.

É como estudar uma matéria como um louco por uma semana inteira e ter um branco absoluto na hora da prova.  Jogos, filmes, gibis...  durante anos você treinou para esse momento e agora está aí, numa total paralisia em frente ao perigo, prestes a ser devorado como um coadjuvante qualquer. (p. 40)

Era uma vez em Osasco -  Uma sede de vingança é o que marca essa história, mas a busca pelo homem que matou o irmão não seria tão simples assim no meio de uma horda faminta de zumbis.   Tiros, violência  e ação recheiam esse conto.

O rapaz estava em frente ao mictório de louça, debruçado contra a parede, quando a porta se fechou atrás do homem que o seguia.  Esse lugar era ainda mais repugnante que o resto do bar.  Uma folha de papelão cobria o piso, numa tentativa inútil de absorver o líquido escuro e fétido que parecia se acumular ali há meses.  Tudo isso era mal iluminado por uma lâmpada incandescente pendurada no teto por um fio envolto em fita isolante preta. (p.45 - 46)

O último andar Tássia era gerente sênior de uma grande empresa e estava no trabalho quando tudo aconteceu.  Se já não bastasse o desaparecimento de uma funcionária dias antes, agora ela enfrentará seus medos em um lugar na mais completa escuridão.  Para sair do prédio em segurança ela  conta apenas com a ajuda de um homem para tirá-la daquele inferno.  Mas nem tudo seria fácil!



Trancou-se ali dentro e bateu as costas contra a porta, deixando o corpo deslizar até o chão, onde chorou por algum tempo.  Tássia não conseguia tirar da cabeça as cenas do elevador, os gritos de Yasmin e Stephani e o olhar morto de Phil.  Os olhos vermelhos daqueles malditos...  (p. 66 - 67)

Dia do Touro - O jantar com apenas um pedaço de carne questionável e um pouco de arroz já com caruncho, não parece nada divertido.  Uma piada que vem à mente nos leva a conhecer um pouco dos primeiros dias da epidemia na visão de nosso protagonista.  É muito interessante e assustador como o autor nos conduz a esse desfecho.

É engraçado como de repente, no meio de um jantar solitário e desagradável, você se lembra de uma piada que ouviu há anos e começa a rir como um idiota.  Acabou de acontecer comigo... e a piada nem era boa. (p.77)

Assassinato em Maragogi - O Cabo Silveira saiu de Praia Grande, São Paulo, para visitar o irmão e cunhada em Maragogi, Nordeste.  Enquanto Paty, a cunhada, prometia uma grande surpresa; Silveira queria descansar um pouco depois de todo o estresse com o caso do cargueiro encalhado nas pedras em sua cidade, do qual participou da operação, não encontrando sobreviventes.  Porém algo não sairia como esperando durante esse encontro.

Na varanda do chalé, manchas de sangue tingiam os tacos do chão em pequenas pegadas vermelhas, indicando que alguém tinha saído em direção à praia.  A porta da frente estava aberta. (p.94)

Casulo - O dia de Júlia é repleto de possibilidades mediante suas escolhas, mas não importam quais sejam suas opções, seu desfecho parece estar selado.  Esse seria um dia diferente de todos aqueles que ela já vivera.

Sentada no chão, com as costas contra a parede e os pés segurando a porta, estou ficando cansada.  Eles não parecem estar, socando e chutando com mais força a cada tentativa.  Uma janela no alto da parede desperta minha esperança, mas logo lembro que os malditos estariam lá fora também.  Seria inútil fugir.  (p. 107)

O diário de Pietro -  Em formato de diário, esse conto mostra o início da Febre Vermelha, antes mesmo do navio se atracar na Praia Grande, região de Santos.  É muito importante para entender como a epidemia se propagou.  É um diferencial que nos dá uma luz do que poderá ter acontecido no início de tudo.

Meu nome é Pietro Giovannini, Capitão do Exército Brasileiro, e este é o registro dos acontecimentos nas ilhas de Trindade e Martim Vaz.  Caso alguém encontre este caderno, por favor faça cópia e envie aos principais canais de comunicação de forma anônima.  Certamente virão atrás de mim por isso, mas não precisa se preocupar.  Se você encontrou este caderno eu já estou morto, ou pior... (p.109)

O livro possui 128 páginas, folhas brancas e ilustrações no início de cada conto.  A edição está muito bonita, rica em detalhes e cores.   Mesmo sendo um assunto bastante explorado nos livros, cinema, games e televisão, acabamos devorando rapidamente cada história. Francis Graciotto consegue dar alma a seus personagens e criar situações extremamente interessantes.  A escrita do autor é simples, mas é dinâmica e fluída.  Suas finalizações são perfeitas e bem construídas.  Para aqueles que, assim como eu, ficaram interessados nessa série, o autor avisa que a sequência de Febre Vermelha já está em preparação.


Dias Febris
Autor:  Francis Graciotto
Cultura em Letras Edições
Páginas:  128
Edição: 1ª (2018)
Dimensão: 14x21cm
ISBN 978-85-68209-18-9



http://www.culturaemletrasedicoes.com.br

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Onde Comprar:

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 E-book

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 Sobre o Autor:

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Francis Graciotto nasceu em Santos em 1986 e sempre imaginou como seria sua cidade infestada de zumbis.  Em 2016, compartilhou esse sonho (ou pesadelo) ao publicar seu primeiro livro, Febre VermelhaFrancis também é coadministrador do site Universo Zumbi e tem contos de terror publicados em antologias, sites e revistas literárias.  Algumas dessas obras agora são parte de seu novo livro,  Dias Febris.  Ele mora na capital de São Paulo com sua esposa Érika, sua filha Manuela e seu buldogue Homer.



Página do livro:
Série Febre Vermelha

https://www.skoob.com.br/dias-febris-804963ed808982.html

* Livro gentilmente cedido pela Cultura em Letras Edições

26 comentários:

  1. Curto muito as obras que nos trazem cenários apocalípticos, já que de certa forma é o que parecemos querer para o nosso mundo através de nossas atitudes. Mas ainda não tinha lido nada semelhante se passando no Brasil, fiquei muito instigado a acompanhar. Sem dizer que contos são sempre muito intensos e ágeis o que torna a leitura ainda mais interessante.
    Ótima sugestão!
    Abraços! 😊

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    1. Eu também gosto de enredos assim. Quando se passa no Brasil é ainda mais interessante. Claro que espero que tudo isso fique só na ficção. Obrigado, Amilton.

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  2. Nossa adorei a resenha, e ficou muito emocionante por fato de acabar entrando na história junto ! Nunca li um livro assim, e que sou uma personagem da história, gostei muito mesmo ! Vou correr atrás desse livro ! Obrigada

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    1. Pois é, em um dos contos também fui surpreendido com isso. Eu estava dentro de um cenário apocalíptico e confesso que foi uma experiência diferente. Eu adorei.

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  3. O livro tem contos sensacionais são histórias que fazem o leitor ficar preso até a fim, para aqueles que gostam de zumbis o livro é perfeito, gostei muito das ilustrações, o livro é realmente bem fluído, ótima indicação de livro abraços.

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    1. Sim, são contos super fluídos, Lucimar. Fiquei muito curioso para ler o primeiro livro.

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  4. Nossa, nunca tinha visto essa leitura, sabe? Ainda tenho minhas dúvidas se gostaria de ler ou não, mas já fica como dica quando quiser alguma leitura diferente do que estou acostumada.

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    1. Experimente! Sempre é bom sair de nossa zona de conforto. rsrs

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  5. Um conto mais instigante que o outro, emoção é o que não falta a esse livro. É mais um autor nacional mostrando seu talento, com certeza não deixa nada a dever a autores estrangeiros. O tema zumbis tem muitos fãs, esse livro será um sucesso!

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    1. O autor é um especialista no tema, coadministrador do famoso site Universo Zumbi. Conta as história com propriedade.

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  6. Adoro zumbis, então esse livro é perfeito para mim. Não conhecia a obra, mas agora estou muito curioso para sabe da trama completa. Anotada a dica na minha lista.

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    1. Eu também estou curioso para conhecer o primeiro livro que serviu como base para esses contos.

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  7. Apesar de não ser meu tipo de leitura preferido sua resenha me deixou curiosa e louca para ler os contos.
    Gosto muito de livros que tem a leitura dinâmica, a primeira vez que vejo falar em historias com zumbis que passem aqui no Brasil.
    Achei as imagens com colorido forte e instigante, a capa e o titulo me chamaram a bastante atenção.
    Bjinhos,
    www.prosaamiga.com.br

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    1. Pra você que não é uma admiradora do gênero, esse livro é legal por ter contos e o grande diferencial é a atmosfera e a finalização do autor, bastante criativa.

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  8. Sempre com indicações de autores nacionais! Super top! Uma leitura bem cheia de suspenses, apocalíptico ... Parece ser uma leitura bem fluida.Legal o contexto da historia ser aqui!

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    1. É mesmo uma leitura muito fluída e os contos a gente devora rapidamente. Eu gostei muito.

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  9. Nossa! Que livro assustadoramente fantástico. Eu morro de medo ao ler essas histórias, mas adoro. As que mais chamaram minha atenção foi "Lucy" (adoraria que os 4 amigos saíssem bem desse caos) e "o último andar" (será que Tassia irá sobreviver? É esse homem que é o único com quem ela pode contar?)
    Adorei sua resenha. Super completa e muito empolgante.

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    1. Então, Paula. Posso te dizer que iria se surpreender com as duas situações citadas rsrsr Esses contos vão muito além dos zumbis. rsrs

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  10. Dias Febris é uma série de histórias em várias cidades brasileiras durante a epidemia da febre vermelha. O tema dos zumbis foi explorado inúmeras vezes que vi de tantas maneiras diferentes que precisamos de algo realmente original para mudar o cenário e nos encantar. Mas, Francis Graciotto nos traz uma história muito íntima de alguém passando por um apocalipse.

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    1. É um tema muito explorado mesmo, mas parece que o autor conseguiu dar seu toque em cada uma delas. Obrigado pela visita.

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  11. Olá, tudo bem?

    Eu tive o prazer de receber o livro Febre Vermelha do autor e achei bem bacana. Gostei muito da sua resenha e aumentou a minha vontade em ler Dias Febris.
    Abraço!

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    1. Que legal que já leu Febre Vermelha. Vou lá conferir a resenha. Estou muito curioso para ler também.

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  12. Oi Evandro
    Confesso que fiquei mais interessada em Febre Vermelha do que neste livro de contos, porque prefiro histórias grandes e o enredo de Febre Vermelha me pareceu bastante promissor. E se vai ter continuação é melhor ainda.
    abraços
    Gisela
    www.lerparadivertir.com

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    1. Também estou curioso para ler Febre Vermelha. Eu gosto de contos, por isso achei bem interessante esse também. Também achei ótimo o fato de que terá continuação.

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  13. Oie!!

    É inegável que a trama parece interessante, e talvez pelo fato do livro ser dividido em contos, eu me arriscasse na leitura. Mas preciso confessar que o gênero não é dos meus favoritos. Apesar disso, adorei teu post e resenha. Parabéns!

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    1. Oi, Malu. Pra gostar desse livro precisa curtir esse universo zumbi e também gostar de contos. Mas não custa você tentar. Os contos são bem interessantes e corre um grande risco de você gostar.

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