Boca de Chafariz, do autor Rui Mourão, foi lançado pela primeira vez em 1991. O enredo ganhou o Troféu Francisco Igreja, da União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro, como melhor romance de 1992. Atualmente publicada pela Editora UFMG, o livro já está em sua 5ª edição. Esse é o primeiro volume de uma trilogia que passeia pela encantadora cidade mineira de Ouro Preto. Embora o enredo explore fatos históricos e personagens que ajudaram a construir a cidade e torná-la Patrimônio Cultural da Humanidade, o autor deixa claro que as ações são imaginárias e as ideias surgiram de sua inspiração.
A história é como uma corrente desgovernada que passa sobre as cabeças
e, ao sabor das opiniões sempre trabalhadas pelas consciências do
momento, vai recalcando certas figuras, fazendo emergir outras.
O ano era 1979 e Ouro Preto enfrentava uma terrível tempestade que ameaçava varrer do mapa toda a cidade. Cada construção, barraco, plantações ou animais de criação sofriam com a fúria violenta das águas e vendavais. Tudo se tornou um caos e a cidade parecia afundar em meio aos desabamentos e atoleiros. Diante de toda destruição e um enorme número de desabrigados, Ouro Preto precisava resgatar sua identidade, recuperando suas memórias e seus valores. Para isso seria preciso mergulhar em seu passado, redescobrindo sua história e reerguendo-se sob o olhar atento de todo o mundo.
Num instante de fraqueza, podemos ser vítimas do medo e temer pelo nosso
futuro. Mas temos que lutar e confiar. Isso é que é indispensável.
Rui Mourão escreve com intensidade cada palavra e tem um total domínio sobre o enredo. O autor desenvolve com sagacidade um texto dinâmico, divertido e inteligente. Passando por várias fases desde sua criação, quando ainda se chamava Vila Rica, a cidade de Ouro Preto se torna a grande personagem de Boca de Chafariz. Misturando personagens do passado e presente, ela busca firmar-se através dos acontecimentos que, ao longo do tempo, criou sua identidade única e cheia de encantos. O valor histórico e o orgulho de seus moradores estão estampados em cada um dos capítulos que formam o retrato da cidade.
Viver é estar ao desabrigo, é avançar contra a corrente e
aspirar por uma certeza quando sequer sabemos para que lado caminhamos.
Figuras históricas, entre elas Tiradentes e Aleijadinho, detalham momentos de suas vidas, em uma narrativa intensa e emocionante carregada de sentimentos. Muitos desses nomes que estampam os livros escolares observam dos telhados e janelas o movimento pela cidade em suas ruas e praças, como se suas almas atemporais pairassem ainda sobre o lugar. Tais relatos, realizados em primeira pessoa, dão um tom eloquente aos fatos, nos aproximando da história.
A memória de uma nação inclui lapsos injustificáveis.
O autor explora também personagens marcantes de Ouro Preto, como o memorável Bené da Flauta, que animava os primeiros festivais de inverno na cidade. Ele tinha a alma de poeta e encantava com suas composições e músicas, para as quais utilizava instrumentos feitos por ele mesmo a partir de bambus e pedaços de cana. Ou ainda, quando fala sobre Tia Olímpia com seu chapéu enfeitado de papelotes, com o rosto marcado de batom e ruge, a contar sobre seus impossíveis flertes com D. Pedro I.
O mal do ouro: o ouro. A cegueira que ele produz. Quem vê ouro não é
capaz de enxergar outra coisa. Ignora até que no dia seguinte precisará
estar vivo para usufruir daquela riqueza.
O enredo traça um panorâmico crítico diante do interesse e ambições que cercam as riquezas da cidade. Será que diante de tamanha catástrofe, Ouro Preto continuaria a ser a mesma de antes? Com tantas mudanças poderia ainda permanecer com seus encantos?
O certo é que ninguém escolhe nada, somos todos levados.
O livro possui páginas amareladas e traz, ao longo de suas 265 páginas o estilo inconfundível de Rui Mourão. O autor mistura a narração em 3ª pessoa com capítulos que ganham a voz das próprias personagens, funcionando de forma harmônica no enredo. Somos presenteados com ilustrações que destacam cenários de Ouro Preto, nas
talentosas linhas de Luiz Cláudio de Castro. O livro é muito mais que uma homenagem à cidade mineira, o autor nos apresenta de forma dinâmica a luta pela construção do equilíbrio entre as memórias de Ouro Preto e o novo tempo que vive a impor sua presença.
Boca de Chafariz
Autor : Rui Mourão
Editora UFMG
Páginas : 265
5ª Edição (2010)
ISBN 978-85-7041-866-1
Brochura 14x20cm
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Informações sobre o Autor:
Rui Mourão lecionou Literatura Brasileira na Universidade de Brasília e nas Universidades de Tulane, Houston e Stanford, nos Estados Unidos. Participou dos movimentos das revistas literárias Vocação e Tendência, tendo sido diretor desta última. É membro da Academia Mineira de Letras. Foi editor do Suplemento Literário do Minas Gerais, chefe do Departamento Cultural da Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, diretor-executivo da Fundação de Arte de Ouro Preto, coordenador do Grupo de Museus e Casas Históricas da Fundação Pró-Memória em Minas Gerais e coordenador do Programa Nacional de Museus, as duas últimas funções acumuladas com a de diretor do Museu da Inconfidência, cargo que ocupa desde 1974.
Prêmios:
Prêmio Cidade de Belo Horizonte em 1956 e 1971; Troféu Francisco Igreja,
da União Brasileira dos Escritores do Rio de Janeiro; Reconhecimento
Especial do Pégaso, na Colômbia, em
1994; Ficção 2002, da Academia Brasileira de Letras; Centenário de Maria
Helena Cardoso, da Academia Mineira de Letras, em 2002; Prêmio Governo
de Minas Gerais de Literatura, pelo conjunto de obras, em 2013; Medalha
da Ordem do Mérito Cultural, em 2015.
As raízes, Curral dos crucificados, Cidade Calabouço, Jardim pagão, Monólogo do escorpião, Servidão em família, Boca de chafariz, Invasões no carrossel, Quando os demônios descem o morro, Mergulho na região do espanto.
O autor publicou também diversos ensaios.
Romances Publicados:
As raízes, Curral dos crucificados, Cidade Calabouço, Jardim pagão, Monólogo do escorpião, Servidão em família, Boca de chafariz, Invasões no carrossel, Quando os demônios descem o morro, Mergulho na região do espanto.
O autor publicou também diversos ensaios.
Shoooow! Até eu quero muito ler o livro do Rui!
ResponderExcluirmuito legal seu post, ler livros sempre é uma ótima escolha.
ResponderExcluirvoltarei mais vezes.
Gostei bastante do post, a maneira como está tão explicito e explicativo, não sou grande fã de leitura, mas sempre que consigo leio, não conheço o autor Rui, mas fiquei curiosa para conhecer sua obra ;)
ResponderExcluirbeijinhoooos
beijinhoooos
ola tudo bem ? fiquei encantada já com o primeiro volume da trilogia em especial por se passar em ouro preto MG,por se tratar de um patrimônio cultural. cidade onde desejo muito conhecer. Já tinha ouvido falar no autor e obra , quero mergulhar junto na historia . Bjssss
ResponderExcluirAdoro figuras históricas e quando vi até Tiradentes o coração já palpitou. Ainda mais quando se trata de Ouro Preto, que delícia! O livro parece ser maravilhoso, Rui Mourão nos deu uma belíssima e grandiosa obra, sem sombra de dúvidas
ResponderExcluirOlá, Evandro!
ResponderExcluirCertamente essa leitura será uma viagem histórica pela cidade de Ouro Preto!! O fato de saber que Tiradentes e Aleijadinho são citados na obra me deixou muito interessada!!
Abraço!
Adoro este livro. imagina Ouro Preto sendo destruída por um avassalador temporal e onde figuras que se relacionam com sua história voltam para salvá-la. Misturam-se surrealisticamente Aleijadinho e Rodrigo Mello Franco, Tiradentes e Aloísio Magalhães, os inconfidentes, Guignard, Tarquínio de Oliveira, Edson Mota, Jair Inácio e muitas outras personagens vivas e mortas numa miscelânia da história.
ResponderExcluirÓtimo post
Não sou uma leitora muito frequente, tinha que ler mais. Sempre que dá leio um pouquinho. Muito bem explicado seu post. E por ouro preto ser minha cidade preferida já gostei da historia.😚
ResponderExcluirOlá, tudo bem? Nossa, uma fascinante obra com rico conteúdo histórico sobre Ouro Preto, a destruição do lugar no temporal e o esforço de Ouro Preto para se reerguer. O detalhismo do autor também foi muito importante, o destaque a figuras históricas como Aleijadinho e Tiradentes. As fases de Ouro Preto desde quando se chamava Vila Rica, Boca de Chafariz é uma ferramenta de conhecimento muito importante para quem aprecia a história brasileira.
ResponderExcluirEu adoro livros de autores brasileiros, principalmente quando falam de de cidades brasileiras assim. Quando a gente conhece a cidade parece que está dentro da história.
ResponderExcluirbj,
Dani do blog Sabe o que é?
http://sabeoque.blogspot.com
Que fantástico esse livro falando sobre fatos históricos e a cidade de Ouro Preto...obrigada pela indicação abraços
ResponderExcluirOlá,
ResponderExcluirNão conhecia a obra e nem o autor, mas meus olhinhos brilharam ao saber que ele é ambientado na cidade de Ouro Preto! Sou doida para conhece-la e acredito que a leitura da obra me daria um panorama bem interessante sobre a cidade.
LEITURA DESCONTROLADA
Olá!
ResponderExcluirNunca tinha visto sobre esse livro ou autor, mas adoro quando os livros são ambientados no Brasil e fiquei muito curiosa sobre.
Beijos!
Oi, tudo bem? Que dica mais interessante. Gosto muito de conhecer livros assim diferentes e que saem um pouco dos enredos que estamos acostumados. O que mais me chamou atenção foi o fato de falar em Ouro Preto, é uma das cidades histórias que mais admiro. A cidade com suas igrejas do tempo colonial, as ruas com pedras, é um misto de beleza e história. Ótima resenha. Um abraço, Érika *-*
ResponderExcluirOlá tudo bem?
ResponderExcluirAdoro quando leio resenhas indicando autores nacionais !!
fiquei curiosa para ler.
dica anotadissima
bjs !!!!
Que maravilha que deve ser essa leitura, tão ricos em detalhes sobre Ouro Preto, seu post está simplesmente ótimo, parabéns pela ótima resenha. Beijos.
ResponderExcluirDever ser um livro muito bom. Gosto de histórias que resgatam a vida e costumes de uma região e ambientada em outra época. Quando os autores nacionais são bons, sai de baixo, que coisa boa vem por aí.
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