Algumas vezes momentos mágicos acontecem e não conseguimos separar o personagem do artista. De alguma forma eles se misturam e se tornam um só, ou talvez, alguns personagens se tornem mais reais do que o próprio criador. É mais ou menos isso o que aconteceu com Charlie Chaplin e seu imortal Carlitos.
Era uma vez... Todas as histórias começam assim, não há como errar. Mas e depois?
Fabio Stassi nos presenteia em A Última Dança de Chaplin, publicado pela Intrínseca, com momentos da vida desse ator ímpar que encantou (e encanta) tantas pessoas, desde a criação do cinema. Fabio, considerado um dos escritores mais talentosos da Itália, sempre foi um apaixonado por Charlie desde criança e resolveu contar essa estória à sua maneira.
A natureza me fez baixo o suficiente para que eu não precise me ajoelhar diante de ninguém.
Esse não é um livro para quem procura uma biografia de Charlie Chaplin, pois o autor misturou fatos reais e fictícios, deixando o leitor, muitas vezes, sem saber o que é real ou imaginário. Aos meus olhos, Stassi colocou um pouco mais de poesia na vida de nosso vagabundo. Talvez a experiência com a leitura seja totalmente diferente para quem já conheça a trajetória de nosso astro.
(...) todas as histórias precisam de uma pitada de melancolia.
Há sessenta anos o velho Chaplin esperou por aquele dia. Uma cartomante havia lhe falado daquela visita que aconteceria na noite de natal de 1971. Com oitenta e dois anos, seu tempo havia acabado e a morte estava a sua espera, mas Charlie ainda não estava pronto. Ele queria ver o filho mais novo crescer, pois ele estava apenas com 9 anos. Chaplin propõe então uma aposta, que ela voltasse a cada natal e sempre que ele a fizesse rir, ganharia mais um ano de vida.
A nostalgia é sempre um pensamento desleal (...)
O livro mostra em cada um dos encontros que se seguiram, momentos em que Chaplin tenta reviver situações inesquecíveis do velho Carlitos. Esses encontros são intercalados com trechos de uma longa carta de despedida do pai para o filho Christopher James, onde conta toda sua vida, incluindo momentos desconhecidos de seu passado.
(...) o meu moral nunca deixou de oscilar entre euforia e desconforto.
Com lirismo e saudosismo o autor nos embarca nas palavras de uma triste despedida. Charlie Chaplin conta detalhes de seu nascimento em meio à artistas de rua, a infância pobre em um circo na Inglaterra, as primeiras paixões, o surgimento de Carlitos, o início e o ápice do sucesso. Fabio nos coloca diante de um Chaplin que busca em suas aventuras e desventuras encontrar seu lugar no mundo, trabalhando como tipógrafo, vendedor de balas, boxeador e até mesmo embalsamador. Diante do aprendizado em cada etapa de sua vida, percebemos claramente as raízes herdadas por Carlitos, talvez o segredo que fizeram dele, um dos personagens mais amados de todos os tempos.
Bastou-nos um dia para que nos afeiçoássemos e nos perdêssemos.
Em suas páginas o autor intercala risos e lágrimas, dor, alegrias e saudade. Sofremos em cada despedida na caminhada de Charlie e nos alegramos em cada recomeço. Ao fim, cabe a nós leitores pesquisar para saber o que de fato foi verdadeiro ou magia na criação de Fabio Stassi. Boa leitura!
Se existe um modo para embalsamar a memória, eu o encontrarei, senhor.
Autor: Fabio Stassi
Tradução: Marcello Lino
Editora: Intrínseca
Páginas: 224
Ano: 2015
1ª Edição
Formato: 16x23cm
Se existe um modo para embalsamar a memória, eu o encontrarei, senhor.
Autor: Fabio Stassi
Tradução: Marcello Lino
Editora: Intrínseca
Páginas: 224
Ano: 2015
1ª Edição
Formato: 16x23cm
Olá!
ResponderExcluirFiquei bastante interessada no livro Evandro. Sou muito fã do Chaplin e o seu comentário sobre o livro intercalar realidade com ficção me deixou bastante curiosa.
Acho que pelo que entendi, A Última Dança de Chaplin é, antes de mais nada, uma grande homenagem ao ator, diretor e roteirista e o homem a frente de seu tempo que Chales Chaplin foi.
Beijinhos - Jessie
www.paraisoliterario.com
Evandro, gostei de ler sua resenha. Ainda não tinha lido nada sobre o livro e agora sei que seria uma leitura agradável. A capa do livro é sem dúvidas sensacional. O teria na minha estante só pela capa haha
ResponderExcluirExiste um nome específico para esse gênero que mistura realidade com ficção, eu até conheci ao ler um livro que se enquadra nele, mas no momento não consigo me recordar.
"Meu blog: Palavra Pensada (:"
Evandro!
ResponderExcluirSou uma fas fãs de Charles Chaplin e até gostaria de ler uma biografia sobre ele, o que me preocupa é o fato do autor ter romantizado um pouco os momentos da vida do artista e ter inserido um pouco mais de ficção.
Boas festas juninas!!!!
“O que importa afinal, viver ou saber que se está vivendo?” (Clarice Lispector)
Cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA DE JUNHO 3 livros, 3 ganhadores, participem.
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
Oi Evandro.
ResponderExcluirAchei o livro bem interessante, pois eu não conhecia. Quando vi a foto do livro no primeiro momento achei que era biografia sobre Charles Chaplin, mas sua resenha mostrou que o livro é pura emoção e com certeza vou adicionar na minha lista.
Bjos
Uau! Só isso tenho para dizer desta resenha Evandro, foi espetacular a forma como apresentou o livro e como fã de Chaplin fiquei ainda mais curiosa para ler a obra, mesmo estando sem tempo para tantas leituras acumuladas.
ResponderExcluirA vida dele foi uma luta constante e a completa fantasia e alegria de ser o que era, pretendo ler o livro jogando-o na frente da lista para me apaixonar da mesma forma que tu ficaste apaixonado.
http://k-secretmagic.blogspot.com.br/
Xoxo