O Doador, da autora Lois Lowry, é o primeiro volume de uma série de 4 livros. O exemplar que tenho foi publicado pela Editora Sextante em 2009, mas a Arqueiro republicou o primeiro livro, assim como outros dois títulos da série nos anos seguintes.
Eles nunca experimentaram a dor (...)
O enredo se passa em uma comunidade aparentemente perfeita, mas que esconde um grande segredo. Um lugar construído a partir da destruição e das dores sofridas pelos antepassados, que deixaram todas as lembranças para trás. Agora as pessoas apenas seguem regras e cumprem suas tarefas, totalmente inseridas no modelo proposto, sem nenhum tipo de crítica ou revolta. Isso devido a um simples motivo, não há memórias; para eles o passado não existe. Muitas coisas simplesmente não são conhecidas e nunca foram sentidas pelas novas gerações. Tudo se tornou assim há muito tempo, não há sentimentos ruins ou nada que possa gerá-los, não há brigas, discórdia ou ambição... mas também não há amor. Não há desejos nem inveja, pois tudo é igual e metódico. Imagine um mundo onde não há cores, tudo é preto e branco, e onde pequenos desejos naturais dos seres humanos são reprimidos desde cedo com medicamentos.
Perguntava-se o que haveria mais longe, aonde nunca fora.
Jonas sempre se sentiu um menino diferente; alguns sentimentos e desejos ele não conseguia explicar. Dividia seus dias entre as obrigações diárias e a amizade com Asher e Fiona. Aos doze anos toda criança vivia um momento importante em uma cerimônia especial, pois diante de toda a comunidade os anciãos designavam qual a função que cada um exerceria ao longo da vida, de acordo com suas afinidades. Jonas foi escolhido para ser o novo Recebedor de Memórias, uma espécie de conselheiro da comunidade. Seria a única pessoa a receber todas as memórias do antigo Doador, todos os conhecimentos do passado de sua comunidade e de toda a humanidade, incluindo alegrias, tristezas, guerras e dor, até então desconhecida por ele.
O pior de ser quem guarda as lembranças não é a dor que se sente. É a solidão.
Mas nada seria tão simples assim. Diante do inexplicável e desconhecido, Jonas começa a se questionar sobre pequenos costumes e sentimentos de seu povo. É nesse ponto que entra todo o dilema do enredo. Valeria mesmo abrir mão de tantos momentos especiais para evitar um possível sofrimento?
Jonas sentiu que algo dilacerava dentro dele,
uma dor terrível que abria caminho com suas garras para emergir num grito.
É uma estória maravilhosa, embora pudesse ter sido um pouco mais explorada pela autora. Nesse volume falta uma explicação sobre o que aconteceu antes da comunidade se tornar da forma que a autora nos apresenta. O enredo é bastante fluído e a leitura super rápida, não se prendendo a detalhes. Depois de um início mais brando para situar o leitor na trama, Lois guarda um ritmo mais cheio de ação para as últimas páginas. Quanto ao final que muitos criticam, eu o li com o coração nas mãos, e claro, sou mais um dos que gostariam de ir além da última frase, mas não posso dizer que não gostei. O segundo livro, chama-se A Escolhida (2014), e tem foco em outra personagem, porém o terceiro volume, O Mensageiro (2016) traz a esperança de sabermos o que aconteceu com os protagonistas das estórias anteriores. Quem sabe não nos encontraremos novamente com Jonas. Eu torço por isso!
Sentimentos não fazem parte da vida que ela aprendeu a viver.
Quanto à adaptação para o cinema, O Doador de Memórias, achei que acrescenta alguns detalhes que faltam no livro, principalmente entre Jonas e a amiga Fiona. Alguns outros momentos acrescentados ajudam a saciar a curiosidade dos leitores, mas o desfecho permanece igual ao livro. Outros momentos acabaram suprimidos para agilidade no roteiro. Resumindo, eu adorei o livro e o filme, talvez pela essência do enredo ou pelos personagens, sei lá. Espero que todos curtam. Segue o trailer da adaptação cinematográfica para quem ainda não conferiu.
Jonas suspirou. Naquela noite, ele teria preferido manter ocultos os seus sentimentos. Mas era contra as regras, claro.
Olá, Evandro. Tudo bom?
ResponderExcluirMinha vontade de ler essa série só aumenta, muitas pessoas já me recomendaram... Que bom que gostou! Adorei a resenha
Preguiça Literária
Oi, Evandro. Tudo bem?
ResponderExcluirOlha, é a primeira vez que ouço falar dessa série e lendo a sua resenha eu achei bem interessante. Fiquei interessado em ler os livros. É bem provável que faço isso em breve. Como sempre achei a sua resenha muito boa.
Obrigado pela dica.
Abraço!
meuniversolb.wixsite.com/meuniverso
Evandro!
ResponderExcluirDeve ser horrível viver sem memórias do passado e submisso aos desejos dos governantes.
Não li o livro ainda, mas já assisti o filme e gostei muito.
Desejo uma semana repleta de realizações!
“O saber é saber que nada se sabe. Este é a definição do verdadeiro conhecimento.” (Confúcio)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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Viver sem passado não é nada bom, ainda não tive a oportunidade de ler o livro, mas dizem que o filme é ótimo, assisti o trailer gostei muito, a resenha ficou ótima depois que li a sua resenha me deu vontade de ler o livro, mas antes vou assistir o filme, abraços.
ResponderExcluirOi Evandro, tudo bem?
ResponderExcluirEu já vi o filme e achei simplesmente fantástica a forma como um universo particular foi criado. Ver um mundo no qual os sentimentos ruins não existem seria fantástico se os sentimentos bons e puros como o amor também não fossem suprimidos. O Jonas me encantou desde o início, mas pelo qe percebi tem pontos bem diferentes entre o livro e o filme. Por exemplo, no filme a escolha é feita aparentemente quando ele já está com seus 16 anos, enquanto você narrou que no livro isto acontece com 12 anos.
Eu já tinha vontade de ler a obra e mais do que nunca meu desejo apenas aumentou. Espero poder fazer isto em breve. Adorei sua resenha!
Beijos!
Como sempre os posts são impecáveis. Gostei dessa parte "sem nenhum tipo de crítica ou revolta. Isso devido a um simples motivo, não há memórias; para eles o passado não existe." Existe ainda muita crítica principalmente mas redes sociais, porém críticas sem sentido, não do âmbito da reflexivo ou sobre a vida, ciclo vicioso. É uma tristeza de como a sociedade se tornou e fico imaginando sobre seria se os grandes filósofos pudessem dar aula opinião sobre tudo isso.
ResponderExcluirAcredita que tenho esse livro na estante e nunca dei a devida atenção a ele? Pois bem, vi o filme no cinema e fiquei encantada com a pegada de distopia da história, sabe? Confesso que assisti ao filme por causa do Alexander Skarsgard porém acabei gostando tanto que comprei o livro por esse motivo. O que tocou na tua resenha foi isso: "O pior de ser quem guarda as lembranças não é a dor que se sente. É a solidão.", cara, imagina a dor ser portador de tudo o que deveria permanecer apagado? Claro que um mundo sem as lembranças de tudo que é ruim e doloroso seria ótimo mas seria de fato humano, entende o que digo? Hahaha. Amei o modo como estruturas tuas resenhas, dá para prender do começo ao fim por isso fiquei bastante eufórica com a leitura porque né, deveria ter lido ele tem tempos já, haha. Beijos!
ResponderExcluirVi o filme e achei interessante e bem diferente, geralmente o livro é sempre melhor que o filme. Eita que minha lista de livros para comprar não para de crescer rsrsrs
ResponderExcluirEu vi o filme O Doador de Memórias e gostei muito, estou curiosa em saber se vão fazer dos outros filmes também. Fiquei curiosa quanto os outros, quero muito ler, ou ver em vídeo ...
ResponderExcluirMinda
Bjs ❤
Great post! :)♡
ResponderExcluirxoxo
Lisa from hashtagbeyourself.blogspot.ch | Instagram
Muito interessante o livro, gostei bastante da sinopse, deu vontade de ler agora u.u kkkk' Belo post, bjos!
ResponderExcluirQue legal a sua resenha! É sem dúvidas mais um livro que vai para a minha lista de leitura! Adorei.
ResponderExcluirhttp://eiilauram.blogspot.com.br
Eu gostei do filme, a parte que mais gostei foi as cores do filme, manter-se com as mudanças deve ter sido muito interessante.
ResponderExcluirViver sem um passado sem uma história deve ser triste e vazio. Ele nos mostra quem somos e como seríamos sem nossa natureza para ter emoções e poder de decisão.Eu acredito que o mesmo conseguiu passar a essência da história...
Menina eu estou a tempos querendo ler esse livro e assistir esse filme, e agora com sua resenha quero ler ainda mais. Imagine só não ter memórias do seu passado e viver como se ele não tivesse existido, deve ser muito louco e quero saber o que acontece!
ResponderExcluirMEMÓRIAS DE UMA LEITORA
Gostei muito da resenha a sua maneira de falar e destacar os pontos do livro, embora não seja meu perfil de leitura eu gostei muito e na verdade assistiria o filme antes de optar pela leitura do livro. Frase marcante esta "O pior de ser quem guarda as lembranças não é a dor que se sente. É a solidão. " Beijos
ResponderExcluirOi gostei muito do seu blog! parabéns pela resenha, faço parte do blog Agenda dos Blogs, estou te seguindo, beijinhossssss
ResponderExcluirImpressionante como a Sextante só publica livros bons, e bom também é o seu blog, Evandro. Parabéns!
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