Sempre que inicio uma nova leitura, tenho por hábito despir-me de todo preconceito e mergulhar inteiramente no mundo criado pelo autor. Tento enxergar além das linhas, sentir com o coração do narrador ou personagens, viver a vida e os momentos que são oferecidos. Esse simples ritual consegue trazer um maior grau de satisfação depois da última página (tudo bem que não é tão simples assim né?!).
Geralmente criamos hábitos e sair da zona de conforto pode ser um exercício difícil para muitos, mas posso garantir que a longo prazo percebemos que só ganhamos com isso. Esse livro é um ótimo exemplo, criticado duramente por muitos leitores e aclamado por outros, acabou tendo seu enredo transformado em roteiro cinematográfico pelo Reino Unido, exibido no Festival Internacional de Cinema de Edimburgo em junho de 2016. Possivelmente o responsável por levar o enredo ao cinema, conseguiu também enxergar além das primeiras impressões. O filme que se passa em um futuro distópico deve ter sua estreia mundial em 2017, espero não demorar para vê-lo por aqui. Confiram o trailer oficial no fim da resenha.
Geralmente criamos hábitos e sair da zona de conforto pode ser um exercício difícil para muitos, mas posso garantir que a longo prazo percebemos que só ganhamos com isso. Esse livro é um ótimo exemplo, criticado duramente por muitos leitores e aclamado por outros, acabou tendo seu enredo transformado em roteiro cinematográfico pelo Reino Unido, exibido no Festival Internacional de Cinema de Edimburgo em junho de 2016. Possivelmente o responsável por levar o enredo ao cinema, conseguiu também enxergar além das primeiras impressões. O filme que se passa em um futuro distópico deve ter sua estreia mundial em 2017, espero não demorar para vê-lo por aqui. Confiram o trailer oficial no fim da resenha.
O Rei Branco, de György Dragomán, publicado no Brasil pela Intrínseca, é o tipo de livro que, à primeira vista, pode causar um certo desconforto ao leitor, principalmente para os que não costumam se aventurar fora do lugar comum. Seus parágrafos e frases são enormes, cheguei a contar quatros páginas para o desespero de muitos que, assim como eu, não curtem essa forma de escrita. Todos os diálogos são inseridos dentro da narrativa com um extensivo uso de vírgulas, ausência total de travessões e poucos pontos finais.
Nós nunca havíamos tocado nas coisas do meu pai antes, o armário dele nós também não abríamos, as gavetas da sua escrivaninha também não podiam ser abertas, pois caso voltasse para casa ele teria de encontrar tudo como o havia deixado da última vez (...)
A estória é narrada por Dzsatá, um menino de apenas onze anos que vive em um país da Europa em um regime totalitário. Em um domingo, o garoto vê seu pai ser levado por homens desconhecidos, sem entender exatamente o significado da partida, ficando esperando desde então seu retorno. O pai havia sido acusado de participação em atividades contra o governo, e, segundo boatos, havia sido levado para um campo de reeducação, sendo submetido a trabalhos forçados às margens do Rio Danúbio.
(...) disse que eu devia levar em conta que uma guerra nunca era coisa
honesta, o que estava em questão era a vitória, não a honestidade (...)
Com o menino, ficou apenas o sonho da volta do pai, a promessa de que um dia ele o levaria para conhecer o mar e uma velha fotografia encontrada entre suas coisas que o garoto carregava sempre no bolso. Sua mãe é impedida de dar aulas, afetando ainda mais a situação
financeira dos dois, que passam a ser vistos como possíveis traidores do país. Enquanto sua vida e de sua mãe são despedaçadas pela dor e pelo silêncio, Dzsatá tem que aprender a conviver com as exclusões e com as regras do rígido regime.
(...) mas eu devia saber que os sentimentos nem sempre mostravam a verdade, mas muitas vezes apenas o que desejávamos sentir, e então eu não disse nada, só fiquei ali parado, com a garrafa quebrada na mão (...)
A relação conflituosa entre a mãe e os avós paternos, que a julgam responsável pelos atos do filho, força o menino a transitar em dois campos inimigos, e a guardar seus pequenos segredos. Diante de um mundo onde os mais fortes sempre vencem e a violência predomina, Dzsatá ultrapassa a linha tênue da infância à juventude, deixando para trás os sonhos de criança.
(...) e então soprei a vela e desejei que meu pai voltasse para casa ou que nós ao menos recebêssemos uma notícia dele (...)
O livro não foca na dramaticidade e nem na busca pelo pai, mas é possível sentir o desespero de Dzsatá, até mesmo pela narração afoita, diante da impossibilidade de ter o pai de volta. Cada capítulo conta uma estória independente vivida pelo garoto, mas que, observando atentamente, podemos perceber que compõem um retrato fiel de uma vida marcada pela dor e ausência que guiava seu caminho. Até mesmo no significado da peça de xadrez de marfim, o Rei Branco, que dá nome ao livro, como forma de compensar sua perda, substituindo seu soldadinho de chumbo nos jogos de guerra e lhe trazendo sorte, tornando-o invencível.
(...) vi que a partida havia acabado, qualquer que fosse minha jogada no
lance seguinte levaria o mate, e então olhei para o robô, para o rosto
do velho negro, para a pele poeirenta, seca, acinzentada, e pensei que
não deixaria que ele me desse o mate, e então estendi o braço e tirei do
tabuleiro o rei branco (...)
Não digo que seja uma obra imperdível, mas também não merece ficar encostada na estante. Leiam um trecho da obra no Google Livros. Confiram o trailer oficial do filme (legenda não disponível), eu adorei! Até a próxima!
Autor: György Dracomán
Intrínseca
Tradução: Paulo Shiller
Gênero: Ficção
Páginas: 256
Formato: 14x21cm
ISBM: 978-8598078-47-2
Lançamento no Brasil: 14/08/2009
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Já li em resenhas muitos falando que o livro tem longos parágrafos, mas o livro não deixa de ser um ótimo, mas como dizem é sempre bom experimentar coisas novas, achei a história, boa foi essa a minha impressão, pra falar mais teria que ler o livro todo, mas gostei do que li aqui, Evandro abraços.
ResponderExcluirÉ verdade, Lucimar. Sempre é bom conhecer para ter uma opinião. Muitas vezes deixamos de ler ótimos livros diante de comentários negativos.
ExcluirGostei bastante, estava mesmo procurando indicações de livros, adorei.
ResponderExcluirObrigado, Fabii. Que bom que gostou.
ExcluirA resenha está espetacular mas o livro não é o tipo de livro que gosto de ler rs, gosto de historias que me envolvem e nao me deixam mais largar o livro e pelo que li não gostei muito não rs.
ResponderExcluirRealmente para gostar, tem que curtir o estilo de escrita. Obrigado pela visita, Letícia.
ExcluirAdorei a resenha e fiquei apaixonado pelo livro ☺
ResponderExcluirQue bom que gostou, Joao.
ExcluirO Rei Branco é uma peça de xadrez que ele roubou e manteve com ele como um objeto de sorte foi até o final do livro. Muito interessante a sinopse envolvida nesta leitura, fiquei curiosa para ler o livro, ótima resenha.
ResponderExcluirQue bom que gostou. O enredo tem pontos muito interessantes e delicados nas entrelinhas.
ExcluirConfesso que nunca li livros de ficção pois sou mais aquela fã de romances bobos mas esta sinopse parece super envolvente!!! Acho que sempre temos que dar uma chance para outros tipos de leitura né? Quem sabe eu goste!
ResponderExcluirÉ verdade, Marilia, temos sempre que dar uma chance, mesmo que vc não comece por esse. obrigado pela visita.
ExcluirOlá Evandro, tudo bem?
ResponderExcluirConcordo plenamente como o que você falou no início da resenha. Sair da nossa zona de conforto é um passo necessário de vez em quando, não podemos nos enraizar em um único gênero ou estilo literário.
Confesso que a forma como o livro é narrado não me atrai, principalmente por estar com um livro assim empatado no meu kindle, não consigo fluir em leituras que não tem uma construção bem definida.
Quanto a história, parece ser angustiante, daquele tipo que te afeta em algum momento. Me identifiquei de cara com o personagem principal, pois já passei por algumas situações quw voce citou na resenha. Em suma, não sei se leria o livro. A história parece interessante, mas talvez a "diagramação" me atrapalhe muito. Parabéns pela resenha!
Beijos!
Realmente livros com esse estilo trazem muita informação sem pausas, é preciso se adaptar para acompanhar, mas por fim, vale muito à pena.
ExcluirÉ bom abrir o nosso horizonte e não ficar num estilo literário.
ResponderExcluirAdorei a resenha, permite conhecer novos universos, para mim pelo menos.
Deu vontade de ler o livro, antes de ver o filme, acho que nos da outra perspectiva
beijo
uma-grande-aventura.blogspot.pt
Tembém prefiro sempre ler o livro antes de assistir às adaptações. Prefiro formar todas as imagens em minha cabeça antes.
ExcluirAcredito que para ler um livro, devemos fazer assim como vc! Desta forma aproveitamos mais a leitura! Nào é apenas ler, é estar dentro, é emocionar, é sentir junto né?
ResponderExcluirGostei de sua completa resenha do livro.Acredito que o menino deve ter sofrido muito no contexto que ele viveu!
Bacana vc compartilhar com a gente!
Isso mesmo, Vany. Também penso da mesma forma.
ExcluirÉ verdade, para começarmos uma nova leitura é bom se livra de outras, mas nem sempre é possível mesmo, não curto longos parágrafos, mas quando a leitura é boa até esquecemos desse ponto, quanto ao livro, não me atraiu muito, mas irei indicar para a família. Bjs
ResponderExcluirObrigado, Luh. Indique sim, para quem curte é uma boa estória.
ExcluirÓtima resenha, gosto de livros que me desafiam a saber o final, por mais que eu acho o que vou me arrastar na leitura, me interessei.
ResponderExcluirIsso aí, experimente quem sabe não gosta.
ExcluirOlá Boa Noite, eu também não gosto de livros assim, o conteúdo tem que ser muito instigante para me manter ligada.Mas parece que o livro é bastante interessante, gostei da resenha, mas ainda sim...prefiro assistir o filme.
ResponderExcluirEu geralmente gosto de ler primeiro, mas tb estou bastante ansioso para assistir o filme.
ExcluirA leitura traz ao homem plenitude, o discurso segurança e a escrita precisão.
ResponderExcluir{Francis Bacon} Amei conhecer a historia pela sua ótica. Parabéns pela resenha.
Obrigado, Sol, é sempre bem vinda por aqui.
ExcluirTambém não sou nem um pouco fã desse tipo de escrita, e quatro páginas inteiras parecem ser demais para minha pessoa, MAS, como a resnha foi ótima e me deixou curiosa, façamos assim: Vou ver o filme, se eu gostar leio o livro também, e volto aqui para te contar, okay?
ResponderExcluirBjinhos e byebye
loucavidadeumapatty.blogspot.com
Oie, Sophia, também estou ansioso pra ver o filme e ver no que deu. Será ótimo saber o que achou. Você é sempre bem vinda por aqui.
ExcluirAmei a resenha sucesso pra ti um beijo.
ResponderExcluirhttps://alzineterodrigues.blogspot.com.br
Obrigado, Alzinete.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAchei esse livro em uma pilha de livros velhos do meu sogro. Não sei o porquê, mas alguma coisa nele me atraiu. Li sem fazer a mínima ideia do que se tratava e amei. Não fazia a mínima ideia de que tinha um filme inspirado nele. Vou providenciar pra ontem! Obigada pela ótima resenha :)
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