É muito bom conhecer nossos autores. Muitas
de suas histórias acabam tomando forma nas páginas de seus livros.
Hoje trago para vocês uma entrevista que, pacientemente, a autora de Tempo Seco
- Clara Arreguy - nos concedeu.
Ela nasceu em Belo Horizonte, acumulou experiência ao longo da carreira de jornalista e, consequentemente, tem uma bagagem enorme como escritora.
Ela tem vários livros publicados e ideias de sobra já pintando por aí.
Ela nasceu em Belo Horizonte, acumulou experiência ao longo da carreira de jornalista e, consequentemente, tem uma bagagem enorme como escritora.
Ela tem vários livros publicados e ideias de sobra já pintando por aí.
Seus
Livros:
Segunda
Divisão
(Lamparina, 2005),
Fafich (Conceito, 2005),
Tempo Seco (Geração Editorial, 2009),
Catraca Inoperante (Outubro Edições, 2011 e 2014),
Rádio Beatles (Outubro Edições, 2012),
Siga as setas amarelas (Outubro Edições, 2014),
Sonhos Olímpicos (Franco, 2015),
Dia de Sol em tempo de Chuva (Chiado Editora, 2016).
Fafich (Conceito, 2005),
Tempo Seco (Geração Editorial, 2009),
Catraca Inoperante (Outubro Edições, 2011 e 2014),
Rádio Beatles (Outubro Edições, 2012),
Siga as setas amarelas (Outubro Edições, 2014),
Sonhos Olímpicos (Franco, 2015),
Dia de Sol em tempo de Chuva (Chiado Editora, 2016).
O Planeta
das flores amarelas -
Coletânea de crônicas publicadas na revista Veja Brasília- (Outubro Edições,
2016)
Desde já
agradeço à Clara Arreguy o carinho e a paciência em responder
tudinho. rsrs Leiam também o post sobre a autora aqui no blog. Bom,
sem mais delongas, vamos à entrevista. Vale à pena conferir.
A carreira e a técnica
jornalística influenciam na forma de escrever seus livros?
Sim, o
fato de ter escrito durante 25 anos para jornal me deu agilidade e objetividade
na escrita. A diferença é que na escrita literária posso fugir das
características do texto jornalístico, fazendo, por exemplo, construções
longas, sem verbo ou com repetições intencionais – o que no jornal seria
considerado mau texto...
Como surgem as ideias para uma
boa história?
Às vezes
de um estalo, um clique. Tive a ideia para "Rádio Beatles" enquanto
dançava num show de banda cover dos Beatles. A do "Tempo Seco", ao
ouvir uma frase dita por um taxista. Outras, como "Siga as setas
amarelas" e "Dia de sol em tempo de chuva", vieram durante
viagens de bicicleta...
De onde nascem seus
personagens? Vida real ou imaginação?
Os
personagens muitas vezes são inspirados em gente que conheço, mas a ficção me
permite reinventá-los ao sabor da necessidade do romance. A maioria deles, na
verdade, sai de dentro de mim. Tem muito de mim na Miriam, de dois dos meus
romances, mas também sou um pouco do Caio, do Nonato Rodrigues, etc...
O que
estimula sua criatividade?
Ver e viver a vida me estimula. Viajar, ler,
assistir coisas, conversar com gente, ouvir conversa na ônibus... Um bom autor
me desafia a escrever tão bem quanto ele (não quer dizer que eu consiga). Uma
pesquisa que eu faça para um livro me enche de estímulos.
Como é o
ato da criação para você? É algo
expansivo ou solitário?
A criação em si é solitária, mas gosto de partilhar,
comentar o tema, o andamento da história.
Qual o
melhor ingrediente para uma boa história?
O melhor ingrediente é sempre a emoção. Quando uma
história te emociona, certamente vai emocionar também o seu leitor.
Quando
você começa um novo projeto, os pontos chaves já estão definidos e você segue o
roteiro ou a história ganha vida própria e sai fora do planejado?
Não sou de muito planejar, mas gosto de pesquisar.
Em geral tenho um ponto de partida, mas raramente um de chegada. Os personagens
têm vida própria, se conduzem por caminhos que eu nem suspeitava.
Quais são
as etapas principais que percorre desde as ideias iniciais ao término de um
livro? Você deixa alguém ler antes do ponto final?
Depois de ter a ideia, definir os principais
personagens e começar a escrever, pesquiso, mergulho no universo do romance.
Por exemplo, ouvia Beatles o tempo todo para escrever "Rádio
Beatles", ouvia música portuguesa e lia sonetos portugueses enquanto
escrevia "Dia de sol em tempo de chuva". Quando termino de escrever,
deixo o texto descansar por um tempo. Eu descanso dele, ele de mim. Passado um
tempo, retomo o trabalho, releio, mexo, corrijo, aprimoro, mudo coisas. Depois
passo para alguém ler, mais de uma pessoa, ouço palpites, retrabalho o que for
preciso.
Existe
receita para escrever bem ou talento é essencial?
Existe
exercício, treino, base de estudo que vem da infância, conhecimento da língua,
vocabulário dado por leitura. Ler é fundamental. Escrever sempre, exercitar.
Mas para quem nasce com o dom tudo fica mais fácil...
O que
você espera que seus livros sejam para o leitor, além de entretenimento?
Espero que os emocionem e que os façam pensar. Que
os alegrem e façam deles pessoas mais felizes. Mas sei que isso é querer
demais, então, se forem bom entretenimento, já está de bom tamanho...
Você
escreve para você, para o leitor ou para a crítica especializada? Existe diferença?
Meu leitor primeiro sou eu mesma. Se eu gostar, já
fico feliz. E em geral eu gosto. O leitor mesmo é a meta. O alvo. Quando
obtenho retorno de um leitor, fico feliz e realizada. A crítica especializada é
muito rara, quase não há, então não tenho nenhuma expectativa quanto a ela.
Quando lancei meu primeiro livro, "Segunda Divisão", obtive boas
críticas e uma negativa. Achei chata essa ruim, mas é a visão de cada um,
respeito todos os pontos de vista.
Suas
opiniões interferem no seu texto? Já mudou algum final para adequá-lo a esses
pontos de vista?
Meu texto são minhas opiniões. Tudo que escrevo sai
de mim, mesmo quando a personagem pensa diferente de mim. Algumas são o oposto
do que penso, mas elas são assim. O final faz parte do todo.
Já
confundiram seus personagens com você?
Muita gente pensa que a Miriam, de "Tempo
Seco" e "Siga as setas amarelas", sou eu. Tem gente que até me
chama de Miriam. É claro que ela tem muito de mim, mas ela não sou eu. Ela faz
coisas que eu não faço, eu faço coisas que ela não faz; se ela fosse eu, ela se
chamaria Clara, não Miriam.
Qual a
função da literatura? Seus livros se preocupam em abordar temas sociais?
Eu me preocupo com temas sociais e políticos, então
isso aparece também na minha literatura. Mas a função da literatura não é fazer
política ou resolver problemas sociais. É emocionar. Se possível, melhorar o
mundo abrindo a cabeça das pessoas. Mas não fazendo a cabeça das pessoas. O
sentido é a liberdade, a amplidão, não o fechamento, a doutrinação.
Música, futebol, religião e
política se discutem?
Claro!
Não há assunto proibido. Temos que falar de tudo, falar com abertura, respeito,
tolerância, aceitação das diferenças. Meus livros falam de futebol, religião,
drogas, música, política, sexo. Tem gente que acha ruim. Já fui acusada de
fazer apologia às drogas porque falo do assunto. É preciso falar, não esconder,
fingir que não existe, varrer pra debaixo do tapete.
O que é
mais difícil: a primeira ou a última frase?
A última. A primeira em geral já vem pronta na
cabeça. A última precisa ser elaborada, muitas vezes isso demora...
Existe limite para criar, ou sua
escrita é como a vida, sem pudor?
Sem
limites. Claro que se você vai escrever pra determinado público, por exemplo,
crianças, é preciso se adequar a ele. Mas a escrita deve ser livre e
despudorada, libertária e revolucionária.
Livros e filmes. Como é sua escolha? Pela capa, título, autor (diretor) ou
assunto?
Não sou
muito seletiva. Gosto de tudo. Vejo e curto filmes norte-americanos, mas
prefiro outras cinematografias, a brasileira, as europeias, iraniana, japonesa,
etc. Livros prefiro ir pelo autor e assunto, mas já fui pela capa, também. É
mais raro.
Dança clássica, teatro e movimento
estudantil. O que contribuiu para a
escritora Clara Arreguy?
Dança
clássica não. Só pra me atormentar. Teatro muito, sou de família teatral, fiz,
gosto, fui crítica de teatro por 18 anos. E movimento estudantil me deu a base
política para fazer da vida uma atuação constante, intervenção na realidade. A
solução dos problemas do Brasil e do mundo passa necessariamente pela política.
Ela está presente no meu dia a dia, na minha escrita, nos meus livros, na minha
construção de uma vida melhor e mais justa.
Seu livro de crônicas Catraca Inoperante (2011) foi relançado
pela Outubro Edições em audiolivro. Fale
um pouco sobre esse trabalho.
Foi
maravilhoso fazer a leitura das crônicas com participação de amigos
jornalistas, atores e atrizes, radialistas, e amigos só amigos, mesmo. Meus
irmãos também participaram. O resultado ficou lindo, com trilha sonora e
sonoplastia. Mas o melhor foi levar esse trabalho a bibliotecas e escolas de
cegos e pessoas com dificuldade de leitura. Foi um trabalho de inclusão. Distribuímos
de graça para entidades do Brasil inteiro, fizemos leituras e apresentações. Os
cegos adoraram. Quem me dera eu pudesse fazer audiolivros de todos os meus
livros. Mas é caro e só pude fazer porque tive o patrocínio da Caixa Econômica
Federal.
O livro Sonhos Olímpicos (2015), pela Franco Editora tem uma aproximação
maior com os jovens. Como está sendo
essa experiência?
Falar com
os jovens é uma delícia, está sendo incrível. Depois dele já escrevi outro
livro dedicado a esse público, para quem agora vou sempre querer falar.
A Outubro Edições nasceu no
início dos anos 2000. Qual é o papel que
ela representa hoje?
Comecei a
editar livros dos outros em 2002, assinando como Outubro Edições, mas era um
nome de fantasia, não era legalizado. Fiz os dois livros do meu pai assim, um
de um amigo, alguns meus. Em 2015 resolvi formalizar a editora, criei a
empresa, agora tenho CNPJ e emito nota, o que facilita a profissionalização
desse trabalho. De lá pra cá já lançamentos quatro livros de outros autores, um
meu ("O Planeta das Flores Amarelas") e tem mais um para entrar na
gráfica nos próximos dias. E agora vamos fazer quatro livros infantis, sendo um
meu e três de autoras que integram, como eu, a Casa de Autores de Brasília.
Fale de
seus projetos atuais.
No momento estou preparando o lançamento do meu
primeiro livro infantil, "Oit Labina", a história de uma menino
esperto e inteligente que muda de comportamento após sofrer uma queda e ficar
um tempo desacordado. Já velhinho, ele vira um tio engraçado, que ensina a
meninada a falar de trás pra frente. E acabei de escrever o segundo livro para
jovens, "1974", que está naquela fase de "dormir" antes que
eu faça nele os últimos retoques. Só deve sair no ano que vem.
Mais uma vez, obrigado à autora Clara Arreguy e a todos que leram essa deliciosa entrevista. Para maiores contatos e informações, os links se encontram a seguir. Até a próxima, galera!
Contatos e Livros
http://www.clara-arreguy.com
https://www.facebook.com/mariaclara.arreguymaia
https://www.instagram.com/clara_arreguy/ (@clara_arreguy)
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E-mail : outubroedicoes@gmail.com
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Excelente entrevista. Gostei da parte que ela diz que ouviu músicas dos Beatles pra escrever o livro dela e que leu sonetos para um outro livro. Mergulhar na cultura do personagem e da ambientação que trata o livro é uma estratégia bem interessante! Parabéns ao Atraentemente pela entrevista! Cada dia que passo aqui, mais gosto deste blog! Um abraço Evandro, trabalho primoroso este que você faz. Abraço e até o próximo post :)
ResponderExcluirVerdade! É preciso se entregar por inteiro a um trabalho para fazer bem feito.
ExcluirÓtima entrevista Evandro, ótimos livros da Clara. Parabéns, ela é uma ótima autora, estou lendo Tempo Seco, e a leitura é bem agradável.
ResponderExcluirhttp://www.vestigiodelivros.com.br/
Legal, Elivelton, você vai gostar. É um livro muito bem escrito e maduro, e um final surpreendente. rsrrs
ExcluirEntrevista excelente com uma autora incrível! Parabéns!
ResponderExcluirhttp://madminds.weebly.com
Obrigado, Letícia. Que bom que gostou.
ExcluirGostei demais da entrevista e a autora parece sempre estar de bom humor né?
ResponderExcluirEu acho que se fosse escritora encontraria algumas de minhas inspirações certamente no ônibus, eu viajo nas conversas dos passageiros, as vezes fico observando até quando eles descem e imaginando várias hist´rias e situações. kkkkkk
Excelente entrevista. Parabéns
Marcia, a alegria da autora também me chamou a atenção em todas as fotos que vejo. Acho que o segredo dessa alegria é fazer o que gosta, está sempre cercada de pessoas que respiram cultura e arte. Quanto às histórias ouvidas nos ônibus... É uma ideia. Aventure-se. rsr
ExcluirOlá, Evandro.
ResponderExcluirParabéns pela entrevista. Deu para conhecermos um pouco melhor a autora e eu fiquei encantaa com o sorriso dela! Ela sorri de uma forma contagiante.
Abraços.
Oie, Maria. A felicidade é mesmo contagiante e sorrir é um presente maravilhoso. Eu adoro também ver pessoas felizes.
ExcluirObrigada, Evandro, e parabéns pelo belo trabalho!
ResponderExcluirEu que agradeço, Clara. Conhecer seu trabalho e sua trajetória é uma aula para todos nós.
ExcluirAdorei a entrevista. Sempre interessante saber mais sobre os caminhos para a produção de um escritor. Parabéns pelo trabalho!
ResponderExcluirObrigado, Fábio. Eu também gosto de conhecer como todo esse processo se apresenta para cada um. Quando a gente vê o livro pronto não imagina o caminho percorrido para chegar em nossas mãos.
ExcluirObrigado, Antonio. Já sigo seu blog há um tempo. Gosto muito.
ResponderExcluirAdorei a entrevista, Evandro!!
ResponderExcluirMuito bacana e bem feita, parabéns!
Adoro a escrita da Clara e ela é muito querida.
Adorei as fotos. Ela ri com tanto gosto que quase posso escutar sua risada..rs
Bjs
www.maeliteratura.com
Fico feliz que tenha gostado, Claudia. Eu só li Tempo Seco e também adorei o estilo da Clara.
ExcluirEntrevista bacana!!! Excelente
ResponderExcluirBrigadão. Graças à autora que foi tão sincera em cada resposta. Eu também adorei.
ExcluirMuito massa a entrevista, Evandro. Intimidante, inteligente, criativa, espontânea.bjs
ResponderExcluirObrigado, Edna Guedes. Pois é, ela é uma pessoa incrível e eu adorei fazer esse trabalho com ela.
ExcluirNossa, ela parece tããão divertida!! Amei e já quero ler todos os livros dela. As fotos dela ficaram maravilhosas e passaram uma alegria contagiante. ♥
ResponderExcluirBeijos, Ka.
www.normalidadeincomum.com.br
Também quero ler todos, Karen. São tantas histórias diferentes...
ExcluirGostei vou ler
ResponderExcluirFaz tempo que busco uma boa leitura hehe
esequielgoli.com
Leia sim, Esequiel. Depois nos conte o que achou. Obrigado pela visita.
ExcluirAmei!!!!!! Muita coisa! ❤️❤️❤️❤️🙌🏼
ResponderExcluirEii, Lucio. Você por aqui. Que bom que gostou.
ExcluirLendo essa entrevista cheguei a me identificar com a autora em determinadas respostas.
ResponderExcluirFoi bom "conhecê-la" através deste post!
Abraços.
Que legal, Cidália. Eu adoro essa parte de entrevista, onde temos a oportunidade de entrevistar os autores e saber um pouquinho mais sobre o processo de criação de cada um.
Excluir