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Resenha (Kindle) - O que sobra - Príncipe Harry (Objetiva)

em terça-feira, 18 de março de 2025

Você vê... a dor... se é que é dor... foi só o que me sobrou dela... E a dor é também o que me move.  Tem dias em que a dor é a única coisa que me sustenta.  E também acho que, sem a dor, bom, ela poderia pensar... que a esqueci.


O que sobra foi publicado no Brasil pela Objetiva em 2023, selo do Grupo Companhia das Letras. O livro causou instantaneamente um alvoroço na impressa mundial por se tratar da autobiografia do Príncipe Harry, o atual Duque de Sussex.

Com a ajuda do escritor e jornalista J.R. Moehringer, Harry enfrenta velhos fantasmas ao vasculhar suas memórias, colocando no papel suas dores e amores, mostrando a delicada relação com o irmão e a família real britânica. 

Pois é.  Muitas verdades são ditas em tom de brincadeira.

Logo na introdução, durante o funeral de seu avô, nos jardins de Frogmore, percebemos a atmosfera tensa que paira sobre Harry, seu pai Charles e seu irmão William. Se por um lado existe o desejo do Príncipe Harry de ser aceito entre os seus, da outra parte só há cobranças e imposições. 

Harry cresceu com o peso de ser o Príncipe Reserva, e o tempo se encarregou de deixa-lo cada vez mais longe do trono. Quando criança isso não significava um peso em sua vida, mas na adolescência acabou forçando um afastamento do irmão. 

O jovem Príncipe sempre se sentiu perseguido pela impressa implacável, assim como a mãe Lady Di. Ler seus relatos sobre a perda que impactou sua vida para sempre é reviver com ele a tragédia que marcou o mundo, a morte da Princesa Diane em 31 de Agosto de 1997, em um acidente de automóvel em Paris, ao ser perseguida por Paparazzi dentro de um túnel. 

Atuar é atuar não importa o contexto.

Durante a infância difícil, sem acreditar na morte da mãe, Harry enfrentou sozinho suas dores e angústias e a falta de carinho, pois a realeza era engessada em suas regras e o irmão treinado como o herdeiro, primeiro na linha de sucessão depois do pai Charles

Quando jovem, o rapaz serviu no exército britânico, participando de algumas missões, incluindo o Afeganistão. Mesmo impulsionado pela paixão por seu trabalho militar, o jovem príncipe acabou se afastando diante do assédio dos jornalistas. Enfrentou e assumiu sua batalha contra a depressão e ansiedade, buscando ajuda profissional para vencer seus traumas e encarar a vida pública. 

Em certos aspectos, ele era meu espelho, em outros, meu oposto.  Meu adorado irmão, meu arqui-inimigo, como isso tinha acontecido?

Teve vários amores, mas nenhum arrebatou seu coração como a atriz Meghan Markle, com quem se casou em 19 de Maio de 2018. Atacados pela impressa e sem apoio da família real, os dois enfrentaram diversos problemas, até que se mudaram para os Estados Unidos, o que acabou desencadeando o afastamento das obrigações reais por imposição da realeza, somente preservando o título de Duque e Duquesa de Susset.

Com 512 páginas, O que sobra é um desabafo. A obra é dividida em 3 partes: A noite que me protege - Ferido, mas sem se curvar - Capitã da minha alma. Contém Introdução e Epílogo. A tradução é de Cássio Arantes Leite, Débora Landsberg, Denise Bottmann e Renato Marques. 

O silêncio é a melhor opção.

O leitor encontrará vários momentos que se tornaram notícias sensacionalistas na mídia, porém contadas por quem viveu de fato as situações. Harry seguiu os passos da mãe e participa de vários projetos sociais junto com sua esposa. Muitas críticas surgiram após o lançamento da obra por conta da exposição da família real, incluindo as brigas com William e sua esposa, mas devemos lembrar que essa história também é de Harry, e ele está apenas contando suas memórias. 

Boa Leitura!

A gente precisa saber a hora de ir embora (...)

O que sobra
Autor:  Harry (J.R. Moehringer
Páginas:  512
ISBN: 978-85-3900-747-9



* Leitura realizada no Kindle.
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Resenha: Orgulho e Preconceito - Jane Austen (Martin Claret)

em terça-feira, 4 de março de 2025


Orgulho e Preconceito
, de Jane Austen, foi originalmente publicado em 1813, e é considerado um clássico da literatura inglesa e mundial. Além de representar a sociedade e costumes da época, a obra mostra a relação conflituosa entre dois jovens, baseada em ideias e julgamentos iniciais que impedem que ambos enxerguem além dos estereótipos criados. 


 A Senhora Bennet sonha em arranjar bons partidos para as cinco filhas solteiras, principalmente Jane, sua filha preferida. Assim que o jovem e bem sucedido Sr. Bingley se muda para o lugar, logo atrai o interesse de Jane, desejando ter encontrado o marido dos seus sonhos. Na Inglaterra, no século XIX, os casamentos eram realizados levando em conta o interesse das famílias. Dentro desse contexto, cada novo partido era amplamente disputado pelas moças do condado nas muitas reuniões familiares e bailes que aconteciam com frequência. 


Elizabeth, a irmã mais velha de Jane, é inteligente e busca um grande amor, não se importando com os costumes sociais que garantiriam uma vida segura e financeiramente confortável. Ao conhecer o Sr. Darcy, o amigo bem de vida de Bingley, a antipatia é automática. Elizabeth o acha prepotente e orgulhoso, ao mesmo tempo em que Darcy se incomoda com a posição social da família Bennet, não dando abertura para nenhum vínculo mais próximo entre os dois. 

As diferenças entre os jovens ficam cada vez mais evidentes. Elizabeth e Darcy se afastam; Bingley também não se acerta com Jane. Com o passar do tempo, o destino parece brincar com as moças da família Bennet, insistindo em colocá-las frente a frente com seus pares para novos recomeços. Cada encontro é uma nova oportunidade de conhecer verdadeiramente o outro e descobrir novos sentimentos.  


Orgulho e Preconceito retrata com seus personagens valores e costumes de uma época, onde a posição social era o fator mais importante dos relacionamentos, que na maioria das vezes era construído por interesses.  Elizabeth e Darcy terão que enfrentar muitos desafios para vencer o orgulho e preconceito que nasceu desde o primeiro olhar.

A edição de bolso da Martin Claret tem 382 páginas, folhas brancas e fonte pequena.  Mergulhar no universo de Jane Austen é uma experiência fantástica e, ainda hoje, seus livros encantam e divertem novos leitores com seu estilo único de contar histórias. 

Boa Leitura!



Orgulho e Preconceito
Autora:  Jane Austen
Tradução:  Roberto Leal Ferreira
Editora: Martin Claret
Páginas:  382
ISBN:  978-8572326919
Dimensão:  18.4 x 11.6 x 2cm
 
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Resenha: O Clube das Bonecas - Monica Dombroski

em terça-feira, 28 de janeiro de 2025

No sono não existe dor (...)


O Clube das Bonecas foi publicado em 2023.  Terrível, perturbador, frio, doentio e cruel, o segundo livro de Monica Dombroski reforça o estilo da autora, revelando as nuances mais perversas do ser humano.  

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Resenha: Metamorfose Ficcional - José Leonídio (Autografia)

em terça-feira, 7 de janeiro de 2025

O tempo se vai rápido como o vento (...)



O livro Metamorfose Ficcional, de José Leonídio, teve seu lançamento oficial durante a Bienal Internacional do Livro de São Paulo em 2024 pela Editora Autografia.  Passeando por diversos gêneros literários, o autor nos surpreende com uma infinidade de personagens e suas histórias.

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Resenha: A casa dos pesadelos - Marcos DeBrito (Faro Editorial)

em sábado, 28 de dezembro de 2024

Alguns traumas são difíceis de superar.  Outros, seria melhor esquecer.



O livro A Casa dos Pesadelos, de Marcos DeBrito, foi publicado pela Faro Editorial.  Quando cruzamos a fronteira entre sonho e realidade é impossível esquecer.  Alguns pesadelos são cruelmente reais!

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Resenha: Loney - Andrew Michael Hurley (Intrínseca)

em quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

 


Loney, o romance de estreia de Andrew Michael Hurley, foi publicado no Brasil pela Intrínseca.  A obra nos insere em uma atmosfera sombria e misteriosa, onde a fé e o profano se confundem, levando o protagonista a encarar velhos pesadelos.  


Durante uma tempestade, os restos mortais de uma criança é encontrado em uma extensão da costa da Inglaterra, um lugar chamado Loney.  Vendo a notícia pela televisão, Smith mergulha nas lembranças do passado, buscando respostas para o pesadelo que viveu, ainda jovem, no mesmo lugar.  



Era para lá, durante a Páscoa, que um pequeno grupo era guiado pelo sacerdote da paróquia local para uma semana de penitência e oração.  Após alguns anos sem a peregrinação, e ao ter um novo padre assumindo a comunidade, o grupo de fiéis resolve voltar ao lugar para visitar um antigo santuário.  Esther, mãe de Smith, acreditava que nesse lugar encontraria a cura para Hanny, seu filho mais velho que era mudo e enfrentava problemas de aprendizagem. 


Narrado em 1ª pessoa por Smith, acompanhamos o amor e a dedicação do personagem pelo irmão.  Instalados em Moorings, uma casa antiga repleta de histórias e segredos, os dois acabam envolvidos pelo lugar sombrio e ameaçador.  O perigo parece ser constante nos arredores, e os caminhos escondem sempre uma ameaça a cada passo.  Todos os personagens são interessantes, trazendo as próprias histórias e motivações.



Eu gostei da construção da trama, dos personagens, da forma como o autor criou uma atmosfera tensa e interessante.   A trama é construída devagar, fazendo o leitor saborear e se envolver com a sensação de que algo acontecerá a todo instante. O simbolismo sobre a fé e o profano pairam nas entrelinhas e nos faz refletir sobre o fanatismo de crenças e seitas.  O final foi bastante decepcionante, não se trata de gostar ou não do desfecho, mas simplesmente de ser aberto a múltiplas interpretações.  Praticamente todos os elementos ficaram sem resposta, as linhas não se conectam, o que infelizmente deixa uma sensação de vazio no final.  Talvez esse seja o objetivo, pois cada leitor terá que tirar suas próprias conclusões diante dos fatos.


Com 304 páginas, capa dura, folhas amareladas e fonte confortável, Loney é uma história de suspense e horror gótico que constrói um clima de incerteza e insegurança a cada linha.  O simples fato de não saber ao certo o que nos espera é assustador.  É uma ótima leitura para aqueles que não se incomodam com finais ambíguos. 


Tenha uma ótima leitura!







Sobre o Autor


Andrew Michael Hurley é autor de duas coletâneas de contos publicadas no Reino Unido e Loney é seu primeiro romance. Lançado originalmente em edição limitada – apenas trezentos exemplares -, o livro rompeu as fronteiras do mercado independente, recebeu resenhas elogiosas de todos os principais veículos de imprensa, conquistou o grande público e arrebatou o júri do prestigioso Costa Book Awards, rendendo a Andrew Michael Hurley o prêmio de melhor autor estreante de 2015. O autor mora em Lancashire, Inglaterra, onde leciona literatura inglesa e escrita criativa.

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